Às vezes, a gente cai (texto 4)

Eu sei, andei sumida. Mas os últimos dias foram um pouco complicados, fiquei mais sensível e vulnerável emocionalmente. Mas vou contar tudo…

Final de agosto, tive uma febre alta e fui para o hospital. Lá, estava com 39 de febre. Adivinha? Minha temporada levou quatro dias. Os exames mostraram que estavam com imunidade baixa e já fui encaminhada para um quarto em isolamento. Poucas pessoas entravam e somente com máscara.

Foram os piores quatro dias da minha vida. Fiquei longe do meu filho, do meu marido, da minha casa. Meu pequeno sofreu muito. Chorava, me chamava. O marido ficou apreensivo e, da noite pro dia, ficou sozinho cuidando de tudo. Se virou bem. Ele foi – e é – um paizão. Claro que algumas coisas só a mamãe sabia, mas ele foi 10!

Pois bem, a temporada no hospital até que foi tranquila. Medicação e mais medicação para controlar a febre. Em dois dias, tudo parecia normalizar. Sempre fui forte e nunca tomei medicamento, acho que ajudou na minha rápida recuperação.

Quando a médica entrou no meu quarto dizendo “vamos para casa”? – Noooosssaaaa!!!! Que alegria! Até porque já estava pronta, à espera dessa notícia.

Chegar em casa e abraçar minha família, foi único. Nossa, como mudamos depois de certos momentos difíceis… Ok, tem muita gente pior que eu, e algumas podem estar lendo este meu texto e pensando exatamente isso… mas, cada um sabe de si, né? E o quanto as dificuldades amadurecem nossas atitudes.

Confesso que depois desse episódio, eu cai um pouco. Cai emocionalmente. Tudo o que eu falava é que não queria ir para o hospital. Nunca tive medo de morrer, sempre soube que não morreria. E não vou! Mas tinha pânico só em pensar em ir para o hospital. Isso mexeu comigo. Me abalou. Minha cabeça ficou confusa.

Mas eu tenho um super-homem ao meu lado. Na primeira oportunidade, colocamos o pé na estrada e fomos para a praia. Isso foi, simplesmente, rejuvenescedor. Me reergui. Me encontrei. Me fortaleci. Voltei diferente e com o sentimento de que agora tudo será bom. Tudo irá passar. Nada irá fazer com que fique pior. Porque o pior foi ter ficado aqueles dias no hospital.

Agora, vou para a segunda aplicação da quimio branca. A primeira foi mais leve. Me recuperei mais rápido, embora tenha sentido uma enorme fraqueza. Cada vez que acordava de manhã, tinha a sensação de ter sido atropelada por um caminhão. Uma moleza gigante que em alguns dias precisei ficar deitada.

Dormia seguido, tinha bastante sono.

Espero que a próxima seja assim. Afinal, comparada com as anteriores, foi bem tranquila.

Sem contar que agora entrei na coragem regressiva. Agora só faltam três. Depois dois, uma. E aí faço a cirurgia. Depois? Não faço ideia, quando chegar saberei.

Por enquanto, é só curtir.


Fernanda Rosito
Jornalista
Porto Alegre e Novo Hamburgo, RS